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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

FREITAS PUGLIELLI

 

 

Helio de Freitas Puglielli, nascido em Curitiba, formado em Direito (UFPr/1961), jornalista profissional desde 1957, foi editorialista dos jornais “O Estado do Paraná”, !Indústria & Comércio” e “Gazeta do Povo”. Professor aposentado da UFPr, tendo lecionado também na PUC/Pr., foi Superintendente da extinta Fundação Teatro Guaíra e diretor do Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes, da Universidade Federal do Paraná. É autor do livro “Para compreender o Paraná”.

 

 

 

BACK, Sylvio.  Cinquenta anos. Díário do Paraná. Edição fac-similar.  Capa : Guilherme           Mansur.  Reprodução fotográfica: Cadi Busatto. Coordenação gráfica: Rita de Cássia Solieri Brandt.  Projeto gráfico: Adriana Salmazo Zavadniak.  Curitiba, Paraná:  Itaipu Binacional, 2011.  S. p.  Inclui 7 folhas dobradas  94 x  1,26  cm., com imagens de páginas do suplemento literários dos anos 1959 – 1960, acomodadas numa caixa de papelão 35x 48 cm.  Ex. bibl. Antonio Miranda.   

 

r e v e l a ç ã o


Pelo poder do sexo
se revela o mundo.
Sabor de carne,
transcendendo a posse,
não somente
o conhecer do corpo,
gosto de vida, do mistério,
que domina o espasmo,
do segredo
que oscila sobre todos,

o corpo al lado exangue
(o vácuo do desejo) mas
transfigurado e pleno
de néctar, tranquilo.

O violar ase prolonga além
do ato, o corpo
penetrado anexa-se
à minha existência após
a viagem às nascentes da espécie,
à fonte
de sangue e esperma, escuridão e luz.

É uma viagem de regresso:
voltamos através do tempo
para o reencontro despojado
de faces e de vozes, tão apenas
ser com ser, energia
das raízes e das águas.
E agora limpos ressurgimos
das profundezas da primeira noite
e contemplamos o mundo.
Nossos olhos fecundados
pelo absoluto conhecer
veem as coisas novamente;
nossos corpos
sólidos se fixam
na dimensão exata
do mundo novo revelado

 

Poema publicado em 4 de outubro de 1959

 

 

 

geografia do tempo

 

Certos verbetes (angústia
solidão, orgulho,
tédio, medo)
inscreves no dicionário cotidiano.
O importante é sabe-los:
deles nasce tua face
cortada de rugas e sobrancelhas,
esta mesma que olhas
no espelho polido por tuas
noturnas e inúteis elucubrações
absolutamente inesperadas e totais.
O corpo entanto permanece indiferente,
os músculo flexionam e se distendem,
os órgão secretam humores;
o corpo moreno e másculo
segue seu curso físico imune
às cicatrizes do mundo.
Apenas dele podes utilizar-te
com plena segurança para o exercício
do amor e de teus poderes humanos..

E contudo ele não te pertence, integrado
no concerto plural da matéria.
De ti apenas tens esta face

que importante vês se decompor,

cujos traços se avolumam
na amarga geografia que o tempo fixa e
modifica.

 

Poema publicado no domingo, 1 de novembro de 1959.

 

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êxtase de sísifo

 

Transposto o umbral deslizo
para meu lugar entre os homens.
É uma dimensão definida
que que aguarda e a ele amoldo-me,
plástico, amorfo e flexível.
No horário exato inicio
a diária repetição dos gestos
herdados e das vozes
que entretanto não são minhas.
Porém quantas palavras consumidas
na espessa voragem do silêncio,
quantos gestos deformados
na surda sujeição cotidiana.
É já difícil retirar a máscara
a tal ponto confunde-se com a face
e o espaço que habito já aderiu
a meu corpo e escravizou-me.
Porém embaixo
das camadas que o mundo
lentamente sedimentou ao meu redor
reside a ausência,
pura luz que irrompe pela treva,
fonte do amor que como o vinho
inunda-me e embriaga-me
em fluxos violentos e clarões.
Na realidade é muito pouco
saber que persisto em mim próprio oculto,
porém a consciência de que existo eleva-me
muito acima de meu cárcere,
muito, muito acima, onde
os fios de esperança se avolumam,
cintilam, ofuscam-me e explodem em fagulhas.

 

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Poema publicado em 6 de março de 1960

 

 

poesia (vida) é chão

 

Por um momento pensamos
e acreditamos na comunicação.
Acreditamos que as vozes permanecem
incólumes no espaço e que o vinho
nunca esgotará se ácido sabor em nossas veias,
por um momento pensamos
que gestos, palavras, afetos,
dissipam o mundo hostil, que a noite reflui
da cidade deserta de sombras, que poderemos preencher
o vácuo com o amor que fomos acumulando, que é possível preencher
o vácuo como amor que fomos acumulando, que é possível construir
o edifício que imaginamos com poemas, paixões e ideias,
que através dele e do ódio, da violência e da luta, conseguiremos
resolver nossas vidas, abolir a face contraditória do mundo, lançar
no esquecimento nossas antigas angústias.
Por um momento pensamos que não somos, que liberados o cárcere
nos desarticulamos em muitos e vogamos através do mar
sem que o sal nos penetre as carnes porque somos etéreos
Porém depois como um murro,
súbito clarão na treva, regressa
a consciência de que estamos sós,
sós pra sempre e que nossa existência
é a barreira que nos separa e que inutilmente procuramos romper.
Interrompida a música,
metafísica, poética, e falsa, descobrimos
que não temos alma, que o espírito
é realmente uma névoa abstrata,
que não há mágicas nem mágicos,
que a prestidigitação já não nos convence nem nos serve.
E pois ouvimos o eco ensurdecedor
do silêncio, enquanto
nos fundimos no chão áspero
tranquilos e calados como pedras sou heróis.

 

Poema publicado em 15 de maio de 1960

 

 

poema vazio

 

Perdi o meu dia, entre
os gestos lívidos, as mulheres
prováveis, as horas em agonia.
Outra vez perdi o dia.
Dividi-o em acenos inúteis,
em inexplicáveis buscas,
desperdicei-o em tentativas
vãs de liberar-me
do absurdo olhar cravado em mim
(este olhar tremendo
de pupilas de fogo, incandescente).
Mas partiu-se o dia entre centelhas
e nada restou da cintilância, apenas
flores de treva, mas de um negrume tal
e tão espesso
que escureceu a escura face da noite.
Meu dia está perdido
e o silêncio cresce,
surge dos interstícios do tempo,
avoluma-se sobre mim,
este silêncio
mil vezes pior que a morte.

 

 

Poema publicado no dia 11 de setembro de 1960

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edifício e ascensão

 

Dentro de meu quarto construo um edifício;
ergo-o e admiro-me
de suas potentes torres aladas.
Ele cresce desmesuradamente,
cresce e rompe o teto —
o edifício que eu inventei —
riscando a noite estúpida
com sus estranha fulgurância.
Obra minha, contemplo-o:
prédio de sangue se elevando
rútilo sobre a escuridão;
Em torno forma-se um murmúrio
meu edifício cheio de antenas
capta o borborinho do mundo.
Ei-lo focando o céu com seus faróis,
correntes farfalhando nas arestas,
portas de vidro brilhando, vozes.

Subo andar por andar
meu edifício,
subo mais, além dele, sobre ele:
galgo escadas de vácuo
até o alto do céu
vazio.

 

Poema publicado no dia 20 de novembro de 1960

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Página publicada em fevereiro de 2021

 

 

 
 
 
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